Quatro escolas do Rio afirmam ‘ser inviável’ haver desfiles em 2021 sem vacina para a Covid-19

Quatro escolas do Rio afirmam ‘ser inviável’ haver desfiles em 2021 sem vacina para a Covid-19

Pelo menos quatro das 12 escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca afirmam ser inviável realizar os desfiles ano que vem sem vacina para a Covid-19 — e em qualquer data.

Beija-Flor, Vila Isabel, Imperatriz e São Clemente prometeram levar a questão para a reunião programada para esta terça-feira (14), na sede da Liga Independente (Liesa).

O grupo sustenta não haver segurança para colocar as escolas na Avenida sem que componentes e público estejam imunizados.

“Sem vacina, é inviável realizar o carnaval em qualquer data, seja em fevereiro ou em junho”, defendeu o presidente da Vila Isabel, Fernando Fernandes.

“Hoje, as decisões judiciais têm muita força. Há o risco de fazermos investimentos altos e, lá na frente, o contágio voltar a subir, e a Justiça determinar a suspensão”, explicou.

A Vila levaria para a Avenida um enredo sobre Martinho da Vila.

Desfile da Vila Isabel de 2020 — Foto: Alexandre Durão/G1

 

‘Impossível’

Diretor de carnaval da Imperatriz, Marco Aurélio Fernandes destacou que cada escola reúne mais de três mil componentes e que aglomeração faz parte da essência do desfile.

“A Imperatriz quer o carnaval. Mas com vacina. Sem a vacina fica impossível; colocaríamos os profissionais e componentes em risco”, disse.

Fernandes explicou que na reunião desta terça as quatro escolas buscarão alternativas.

“Se tiver vacina, não vejo por que não buscar alternativas, planos A, B e C. Precisamos botar esses planos no papel já. Para uma escola de samba que fica um ano sem carnaval, fica difícil manter as despesas fixas”, destacou.

‘Não vou arriscar’

Renato Gomes, presidente da São Clemente, é direto. “É simples: se chegar vacina, teremos samba. Como vamos lidar com a multidão sem imunização coletiva? Não vou arriscar meus componentes. Prioridade: comunidade”, disse Renato.

Diretor de carnaval da Beija-Flor, Dudu Azevedo também coloca a comunidade como prioridade. “A Beija-Flor não é contra a realização do carnaval em 2021. Mas precisa ter uma vacina. Que tenha carnaval, mas com vacina”, defendeu.

Tijuca: ‘Nosso negócio é colocar as pessoas para sambar’

Cauteloso, o presidente Fernando Horta, da Unidos da Tijuca, diz que é prematuro dizer que não vai ter carnaval em 2021.

“É prematuro dizer se dá ou não para ter carnaval. Acho que só teremos uma noção mais real lá para dezembro. Acho prematuro adiar faltando sete meses para a festa”, pontuou.

“Para a Unidos da Tijuca, se for em fevereiro, abril ou maio é indiferente. Nosso negócio é colocar as pessoas para sambar. Os cientistas estão fazendo a parte deles”, disse Horta.

Outras escolas

O presidente Marcelo Calil, da Unidos do Viradouro, escola campeã de 2020, prefere debater o tema na reunião da Liesa.

A agremiação, que foi uma das primeiras a anunciar enredo para 2021, também foi uma das que saíram na frente ao confeccionar máscaras para a sua comunidade. E até o mestre-sala Julinho, que é professor de educação física, fez um vídeo para ajudar componentes, como baianas, se exercitarem em casa durante a quarentena.

“Logo mais, teremos uma plenária e manifestaremos nosso posicionamento. O que posso afirmar é que, como desde o início da pandemia, a nossa escola sempre se preocupa com a saúde das pessoas em primeiro lugar”, disse Calil.

Os dirigentes de Mocidade Independente de Padre Miguel e Paraíso do Tuiuti dizem que já têm posição sobre a questão. Mas só vão se colocar na reunião plenária da Liesa, quando terão oportunidade de debater o assunto.

Calendário atrasado

Há escolas que nem divulgaram o enredo, como São Clemente, Mangueira, Imperatriz e Unidos da Tijuca.

A Riotur declarou recentemente que cabe à Liesa decidir os rumos dos desfiles das escolas de samba. E que antes de pensar no carnaval de rua, tem de planejar como vai ser outro grande evento da cidade, o réveillon, que chega a reunir quase três milhões de pessoas na Praia de Copacabana.

Não é só no Rio que a pandemia de coronavírus coloca em risco a realização do carnaval. O prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, disse que se não houver um plano de imunização coletiva contra a Covid-19 até novembro, o carnaval poderá ser adiado na capital baiana.

Fonte: g1.globo.com

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