14 pessoas morrem em deslizamento em Niterói; buscas seguem

14 pessoas morrem em deslizamento em Niterói; buscas seguem

Pelo menos 14 pessoas morreram após um deslizamento atingir imóveis no Morro da Boa Esperança, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, na madrugada deste sábado (10). Quatro vítimas que estavam desaparecidas foram achadas sob os escombros na madrugada deste domingo (11).

Até o começo da noite, 11 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros. Segundo o Corpo de Bombeiros, havia ainda, pelo menos, mais quatro desaparecidos e as buscas serão mantidas ao longo da noite.

Para o trabalho noturno, um gerador foi instalado na comunidade para ajudar a iluminar a área. Várias equipes do Corpo de Bombeiros atuavam no local, com a ajuda de voluntários.

Um das últimas mortes confirmadas foi de um bebê de 11 meses. O número de desaparecidos ainda não foi confirmado pelos Bombeiros, mas a corporação trabalha com a possibilidade de encontrar mais vítimas ainda vivas sob os escombros.

“Nós sempre trabalhamos com essa possibilidade (de encontrar sobreviventes). Temos todo o cuidado de fazer o trabalho de resgate, que é feito praticamente, contando com a possibilidade de encontrar pessoas com vida”
— Coronel Roberto Robadey, comandante do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Estado

O oficial informou que, após a tragédia, 25 imóveis foram interditados na comunidade de forma preventiva. Robadey disse que não há previsão de chuva nas próximas horas, o que poderia aumentar ainda mais o risco de novos deslizamentos.

O que se sabe até o momento

  • 9 casas habitadas e uma pizzaria foram atingidas pelo deslizamento
  • Segundo os bombeiros, uma pedra rolou e atingiu os imóveis
  • 11 pessoas foram resgatadas com vida. Entre elas, há um bebê
  • 10 pessoas morreram. Entre elas, três crianças e duas idosas
  • Moradores dizem que há ainda pelo menos quatro desaparecidos
  • Os bombeiros foram chamados às 4h13

 

  • ‘Não era uma região segura’, diz especialista em gerenciamento de risco sobre acidente em Niterói

    O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), afirmou que o local não era considerado de alto risco geológico, e que a tragédia foi causada por uma “rachadura no maciço” da encosta.

    “Esse fenômeno do dia de hoje não foi deslizamento de encosta. Na realidade, o que ocorreu foi uma rachadura do maciço de um ponto onde infelizmente ocorreu a tragédia.”

    O secretário de Defesa Civil, comandante Roberto Robadey, afirma que a cidade estava em estágio de atenção por conta das chuvas dos últimos dias.

    “Choveu muito nos últimos dois dias. Niterói estava em estágio de atenção e alerta de acordo com a área e as comunidades estavam avisadas dessa situação, com recomendação para buscarem locais seguros”, disse à GloboNews (veja a entrevista no vídeo abaixo).

    Segundo o presidente da associação de moradores do Morro da Boa Esperança, Claudio dos Santos, alguns imóveis estavam interditados, mas o prefeito nega a informação.

    Em nota, o governador eleito Wilson Witzel disse que lamenta o ocorrido. Ele informou que esteve à tarde na Comunidade da Boa Esperança para se solidarizar com familiares e amigos das vítimas e acompanhar o trabalho de resgate feito pelo Corpo de Bombeiros. Disse também que colheu informações a serem estudadas durante o período de transição do governo.

    Trabalho de resgate

    Uma força-tarefa foi montada, desde as primeiras horas da manhã, para as ações de resgate às vítimas da tragédia. São cerca de 200 profissionais da Defesa Civil de Niterói, secretarias de Obras, Conservação, Assistência Social, Saúde e Companhia de Limpeza estão trabalhando de forma integrada com as equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil Estadual no socorro às vítimas. Agentes da NitTrans e da Guarda Municipal coordenam o tráfego para acesso à região.

    Uma base de apoio foi montada na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, para receber os desabrigados. A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informou que providencia alimentação no local, além de doação de cestas básicas para as famílias que optarem por ficar com familiares e amigos.

    ‘Todo mundo sabia que ia acontecer’

    Entre os mortos há uma criança, duas senhoras de mais de 60 anos, um homem de 37 e uma mulher de meia idade , segundo o Corpo de Bombeiros. Idade e sexo dos 11 resgatados ainda não foram divulgados pela corporação.

    De acordo com o Hospital Estadual Azevedo Lima há 6 pacientes internados vítimas do deslizamento. Duas são crianças (de 2 e 3 anos), uma delas em estado grave, e as demais têm entre 20 e 30 anos.

    A moradora Rosemary Caetano da Silva, que ficou ferida no deslizamento, afirma que a neta de 8 meses está nos escombros.

    “Minha neta de 8 meses está lá soterrada. Consegui tirar um neto meu que está no hospital e meus filhos estão no hospital. Tudo o que está acontecendo aí todo mundo sabia que ia acontecer. A Defesa Civil chegou a interditar as casas, falou que tomaria providência”, disse Rosemary.”

    Há 8 anos, o Morro do Bumba

    No dia 7 de abril de 2010 a cidade de Niterói também sofreu com uma tragédia que marcou todo o estado do Rio de Janeiro. Quarenta e oito pessoas morreram no deslizamento de terra que soterrou centenas de casas no Morro do Bumba, uma comunidade situada no bairro de Viçoso Jardim.

    O principal motivo para a catástrofe foi a construção de casas em um terreno instável, onde no passado havia um lixão. De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Niterói, é o primeiro deslizamento desde o caso do Morro do Bumba.

    “Desde 2013, a Prefeitura de Niterói investiu mais de R$ 150 milhões em obras de contenção em 50 encostas da cidade”, diz a comunicação da Prefeitura.

    Fonte: g1.globo.com

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