Leilões que desenrolam dívidas

Negociar, via leilão, dívidas de até R$ 5 mil de quem ganha até 2 mínimos: é o 'Desenrola', do governo federal, que busca desconto pra 40 milhões de brasileiros. O programa, criado para reduzir o número de famílias inadimplentes, intermediará a aproximação com bancos, varejistas e companhias de água, gás e telefonia - principais credores. De 2020 a 2022, a proporção de endividados no País cresceu de 66,5% para 77,9% - mais de 11% num arrocho que já era alto. Oficializado por Medida Provisória enviada ao Congresso Federal, o 'Desenrola' precisa, entretanto, de tempo entre teoria e prática: é que uma grande estrutura tecnológica será criada para integrar os dados da complexa operação. Um levantamento do SERASA, chancelado pela Febraban, concluiu que estas dívidas somam R$ 301,5 bilhões. A maior parte, 66,3%, não está relacionada a bancos, mas a varejistas e companhias de serviços básicos. Ante a volume tão imenso, o Governo quer realizar leilões simultâneos, divididos por setores, negociando milhares de dívidas ao mesmo tempo. Quanto ao consumidor, ele poderá conferir se seu débito está entre os leiloados, digitando o CPF em portal a ser criado neste objetivo. Em caso afirmativo, haverá opções pra pagamento à vista e direto à empresa credora ou por financiamento de até 60 meses, via banco - o 'Desenrola' divulgará os juros de cada instituição para o devedor optar. Quando acontecerem casos de inadimplência, um fundo garantidor assegurará o pagamento. Para isto, a União garantirá o valor principal da dívida e os bancos arcarão com os riscos dos juros. Estes valores ainda estão sendo fechados pelos especialistas que detalham o programa. O 'Desenrola' prevê a renegociação de débitos também para os que ganham mais que 2 salários mínimos - por ora, entretanto, sem a garantia do Tesouro para inadimplentes. Beneficiados do novo Bolsa Família poderão ter suas dívidas inseridas neste esforço pela renegociação via leilões."O Brasil precisa de uma saída para os apertos com créditos", alertou o Presidente da República, ao ressaltar que não há progresso para uma Nação quando grande parte do povo está negativada.