A internação por desnutrição infantil é a maior no Brasil desde 2012. Dados do SUS constatam que todo dia, ao menos 10 crianças são hospitalizadas por fome. Tristeza e absurdo! O desequilíbrio da Economia, a pandemia, o desemprego e a redução nas taxas da vacinação infantil são apontadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria como prováveis maiores causas desta tenebrosa realidade. Entre os estudiosos, é, entretanto, unanimidade: a desigualdade social finca raízes profundas para a ocorrência e agravamento da má-nutrição infantil. Eles chamam atenção, inclusive, para a certeza de que estes já terríveis índices, em realidade, são bem piores - "uma vez que não consideram crianças que sequer conseguem chegar a um hospital." Embora tenha saído do mapa da fome em 2014, o Brasil jamais resolveu o drama da desnutrição, especialmente entre grupos vulneráveis, como crianças de periferias, indígenas e quibombolas. Ano passado, de acordo com as conclusões da SBP, houve, em comparação com 2021, aumento de 5,59% nas internações por desnutrição infantil entre zero e 5 anos. Para espanto maior, o 2º lugar nacional neste alarmante campeonato da fome cabe à região Sudeste - sede dos mais poderosos centros econômicos da nação: Rio e São Paulo. Importante compreender que a desnutrição não desencadeia consequências apenas pontuais: a má alimentação agrega fragilidades àquela criatura pelo resto da vida. Sensibilidade maior a infecções e doenças crônicas, entre estas. Diabetes e hipertensão são destaques nestes males que podem seguir uma criança má-nutrida para sempre. Numa pesquisa datada de meados de 2022, a Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, que desenvolve ações em socorro à infância, divulgou: naquele momento foram contabilizadas cerca de 700 mil crianças em desnutrição no País, sendo 540 mil em quadros crônicos e quase 100 mil, em desnutrição grave. Não por pouco, o tema da Campanha da Fraternidade 2023, anunciado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e referendado pelo próprio Papa Francisco, é "Fraternidade e Fome". Imprescindível entender que a desnutrição não está associada apenas à pouca comida, mas também à qualidade do alimento oferecido à criança. Muito mais vale e menos custa um prato de verduras e legumes, mais ovo cozido e banana, do que um saco de salgadinhos ou pacote de biscoito recheado.
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