Comentário: será que a Cúpula do G-20 atende as perspectivas de levar adiante a globalização?

Comentário: será que a Cúpula do G-20 atende as perspectivas de levar adiante a globalização?

Há dez anos, Washington, a capital dos Estados Unidos, sediou a primeira edição da Cúpula do G-20. O tema de então era “Como fazer a economia global sair da maior crise em décadas”. A cooperação sincera e a coordenação de políticas das principais economias do mundo surtiram efeito, e a economia global se recuperou da crise.

Dez anos depois, a comunidade internacional enfrenta novamente o mesmo desafio – o crescimento econômico desacelerou e o comércio global estagnou. Segundo as estimativas da Organização Mundial do Comércio (OMC), o crescimento do comércio internacional poderá ser inferior ao do crescimento econômico pelo quinto ano consecutivo. A tudo isso acrescentam-se ainda os impactos do unilateralismo e protecionismo, que já provocaram flutuações nos mercados de algumas economias emergentes.

Na recente cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), o presidente chinês, Xi Jinping, disse que os seres humanos estão mais uma vez em um cruzamento. Cooperação ou confrontação, abertura ou fechamento, cooperação recíproca ou jogo de soma zero? A resposta a essas perguntas estão ligada aos interesses de todos os países, e ao destino de toda a humanidade.

É nesse contexto que a Cúpula do G-20 terá lugar na Argentina. Ela vai abordar em particular dois temas, as mudanças climáticas e a governança global. A questão do comércio é uma das importantes abordagens no quadro da governança global.

A OMC é considerada o núcleo do sistema do comércio internacional multilateral. A reforma da entidade será o foco da Cúpula do G20. Ao longo deste ano, os Estados Unidos vetaram por repetidas vezes a nomeação do juiz do órgão de resolução de disputas, paralizando-o e ameaçando o funcionamento normal da OMC.

De acordo com o representante chinês na OMC, Zhang Xiangchen, ao longo de dez anos, o volume de subsídios agrícolas de centenas de bilhões de dólares aplicados por países desenvolvidos não foi reduzido. Perante a rápida expansão do comércio eletrônico, a OMC não fornece nenhuma regularização internacional ao setor. E ainda mais, a entidade não é capaz de restringir efetivamente as ondas de unilateralismo e protecionismo. Em relação à reforma da OMC, a China, a União Europeia e o Canadá apresentaram propostas e medidas concretas. As partes aproveitarão a Cúpula para trocar opiniões e maximizar o consenso.

Os líderes da China e dos Estados Unidos se encontrarão durante a Cúpula do G-20. Espera-se que a reunião possa atenuar as fricções comerciais entre o maior país desenvolvido e o maior em desenvolvimento, trazendo mais certezas para o mercado internacional.

As mudanças climáticas são outro tema importante da Cúpula. Na reunião do G-20 realizada no ano passado em Hamburgo, na Alemanha, a chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou a falha do Acordo de Paris devido à saída dos EUA. Segundo informou o jornal Financial Times, a minuta da declaração da Cúpula do G20 se refere de forma simples ao Acordo de Paris, e não pede mais financiamento dos países em desenvolvimento no combate ao aquecimento global.

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