Mesmo sob intervenção, tiroteios crescem 56% em 10 meses no Rio

Mesmo sob intervenção, tiroteios crescem 56% em 10 meses no Rio

Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

O Estado do Rio passou dez meses e doze dias sob intervenção federal na área de Segurança em 2018. Entretanto, o número de tiroteios cresceu 56% no período de fevereiro a dezembro. Foram 8.193 registros de disparos no ano passado, contra 5.238 no mesmo período de 2017.

Os números foram revelados pelo Observatório da Intervenção nesta quinta-feira (14), quase um ano após o ex-presidente Michel Temer decretar a ação dos militares na Secretaria de Segurança do Rio.

Segundo o documento, também houve um aumento nas mortes provocadas pela polícia. De fevereiro a novembro, foram 1.287 mortes por intervenção policial, 36,6% a mais que o mesmo período do ano anterior.

Com crédito extraordinário de R$ 1,2 bilhões do Governo Federal injetados na Segurança, e apenas 6% desse valor gasto, a cientista social e coordenadora do relatório, Silvia Ramos, afirmou que a intervenção não trouxe “mudanças significativas na segurança pública do Rio de Janeiro”.

“A intervenção foi uma tentativa cara e inócua de mudar um contexto complexo, usando táticas antigas ao invés das reformas estruturais e políticas inovadoras que seriam necessárias. É, claramente, um modelo que não deveria ser repetido em outras situações de crise no Brasil.”

Num geral, o número de mortes violentas – que somam os índices de homicídios dolosos, latrocínios, mortes por intervenção de agentes do Estado e lesão corporal seguida de morte – apresentou uma queda de 1,7%, considerada pouco significativa pelo observatório.

Quando comparadas as regiões, a capital e a Baixada Fluminense tiveram as maiores quedas nesses indicadores, com 15,9% casos a menos em relação a 2017. Porém, o relatório afirma que houve uma “explosão de violência” no interior, onde esse tipo de crime aumentou 15,8%.

Crimes contra o patrimônio

Um dos crimes que mais teve queda durante o período da intervenção federal em todo o Estado foi o roubo de cargas, com uma redução de 15,3%, comparando com o ano anterior. Segundo o laboratório, em contrapartida, houve um aumento regional deste índice, principalmente na Grande Niterói (Niterói, São Gonçalo e Maricá), com 19,1% de casos a mais, e de 46,5% no interior do Estado, o que também evidencia “deslocamento do crime da capital para o interior”.

De acordo com Silvia Ramos, a intervenção não resolveu problemas estruturais no Estado e “acentuou o poder bélico e letal das respostas na área de segurança”.

O relatório destacou algumas políticas que ajudariam a diminuir o impacto da violência do Rio de Janeiro, como investimento em inteligência e ações estratégicas para modernizar a gestão.

“Ações de inteligência, investigações eficientes e respostas rápidas a este tipo de crime surtiriam efeitos maiores no combate à violência”.

 

Fonte: noticias.r7.com

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