Rio tem greve de servidores federais da saúde

Rio tem greve de servidores federais da saúde

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Os servidores dos seis hospitais federais no Rio de Janeiro iniciaram uma greve por tempo indeterminado na útima quarta-feira (15). As principais reivindicações incluem a recomposição salarial, a realização de concurso público e a reestruturação das unidades, que têm sofrido com o sucateamento nos últimos anos.

Os grevistas apontam que até o momento o governo federal não concedeu nenhum reajuste salarial. Eles também exigem o pagamento do adicional de insalubridade e o cumprimento integral do piso salarial da enfermagem.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência no Estado do Rio (Sindsprev-RJ), durante a greve, as unidades funcionarão com 30% do efetivo para garantir a continuidade dos serviços essenciais, como hemodiálise, quimioterapia, cirurgias oncológicas, transplantes e atendimentos de emergência.

Estão previstas manifestações para a próxima semana. Na segunda-feira (20), os servidores se reunirão pela manhã em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso. Na terça-feira (21), a mobilização ocorrerá à tarde no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Os seis hospitais federais do Rio de Janeiro são especializados em tratamentos de alta complexidade para pacientes de todo o país no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A concentração dessas unidades no Rio é uma herança dos tempos em que a cidade era a capital do país. Elas permanecem sob gestão do Ministério da Saúde mesmo após a transferência da capital para Brasília.

Antigamente considerados de excelência, esses hospitais enfrentam precarização há mais de uma década. Problemas como desabastecimento de insumos, alagamentos e falta de equipamentos têm sido recorrentes. Em 2020, um incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso resultou na morte de três pacientes e interrompeu serviços essenciais. No ano passado, outro incêndio danificou a sala de anatomia patológica do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, sem maiores consequências. Recentemente, o teto do banheiro do setor de hemodiálise desabou, sem feridos.

Sem a realização de concursos públicos desde 2010, a falta de pessoal é um dos principais problemas. Para contornar a situação, são feitos contratos temporários, resultando em alta rotatividade e falta de estabilidade para médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde. Isso tem gerado crises frequentes quando os contratos se aproximam do vencimento.

No mês passado, após denúncias de irregularidades e má administração, o Ministério da Saúde anunciou uma série de mudanças na gestão dos hospitais federais, incluindo a criação de um Comitê Gestor temporário. Este comitê inclui representantes do Departamento de Gestão Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro (DGH) e outras instâncias do ministério.

Com o término dos primeiros 30 dias de atuação do Comitê Gestor, o Ministério da Saúde comunicou que a reestruturação dos hospitais federais será coordenada junto à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A Ebserh gerencia hospitais universitários, o GHC administra hospitais públicos federais no sul do país, e a Fiocruz é uma instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Saúde.

Apesar das parcerias destacadas pelo ministério, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o governo não pretende repassar a gestão dos hospitais. “Não há distribuição dos hospitais. O governo continuará coordenando o programa de reconstrução dos hospitais dentro da visão do SUS. O modelo de gestão definitivo será detalhado após uma fase de análise e diálogos com todos os entes”, declarou.

Os servidores, no entanto, manifestaram preocupações com a nomeação de Teresa Navarro Vannucci para o DGH, devido à sua atuação na Subsecretaria Municipal de Saúde do Rio, onde têm sido comuns parcerias público-privadas e entregas de unidades de saúde para organizações sociais.

“O movimento grevista também representa a luta por um sistema de saúde público, gratuito, universal, de qualidade e totalmente financiado por recursos públicos. Rejeitamos qualquer proposta de privatização ou entrega da rede de unidades federais de saúde à Ebserh, a organizações sociais ou à gestão municipal do Rio de Janeiro”, afirmou o Sindsprev-RJ em nota.

 

Fonte: Agência Brasil

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